segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Aquele beijo era mesmo o fim.

Abri meus olhos, logo imaginei que ainda fosse madrugada, pois não enxergava nada além de uma profunda escuridão. Me sentia confortável porem extremamente gelado, me sentia bem descansado mas não conseguia me lembrar a hora que fui dormir.
Pra dizer a verdade não me lembro de muita coisa, sempre fui intitulado como um "bêbado desmemoriado", mais por algum motivo aquele cheiro me era muito familiar, eu só não sabia decifrar que sensação me causava.
Vejamos hoje é quarta feira correto? Droga novamente estou perdido na semana, porcaria de memoria. Bem acho que o melhor a se fazer, já que estou sem sono é me levantar e ir até a geladeira ver se ainda me resta alguma cerveja por la.
Ai merda! bati minha cabeça em alguma coisa ao tentar me levantar da cama, mas o que teria sobre minha cama impedindo que eu me levantasse? Uma madeira? Espera um pouco... isso é uma tam... UMA TAMPA?. O que fazia uma uma tampa sobre a cama, enquanto pensava sobre isso tentei sair de lado e percebi que ali também havia obstáculos que me impediam qualquer tipo de movimento.
Me debati por alguns minutos, tentando me livrar daquela prisão de madeira, tudo em vão. Não adiantava lutar contra aquilo. Finalmente tomei consciência de que eu meu corpo fora trancafiado em um caixão.
Só me restavam duas duvidas, primeiro: como eu fui parar nesta situação? E segundo: eu estava realmente morto?
Tentei relaxar um pouco para colocar a cabeça em ordem e relembrar como tudo aquilo acontecerá. Vai memória, funciona uma vez na vida!! Ou.. na morte, ainda não tenho muita certeza!
Logo minha mente foi tomada por uma risada, meio tímida, soluçante, porém conhecida. Como um tapa na cara aquela riso maligno e sensual me fez lembrar de tudo. Ela finalmente cumprirá suas promessas. Me veio a imagem do seu rosto, onde havia estampado um belo sorriso de prazer, e nos olhos um brilho como eu nunca havia visto antes, aquele rosto envolto em seus cabelos vermelhos. Todas as feições daquele rosto me fizeram perceber que eu realmente havia sido morto, e que a dona daquele rosto de beleza sombria regozija - se de prazer por saber que foram suas mãos que haviam me matado.
Desde que nos conhecemos, ela expressou o desejo de ter meu sangue, e eu o dela. Nossos assuntos sempre foram meio fúnebres e por diversas vezes acabavam em belas promessas de morte, eu só não esperava que ela fosse conseguir me pegar assim tão desprevenido.
Forcei para tentar trazer ar aos meus pulmões, claro que não consegui, afinal eu estava morto, mas aquela tentativa inútil até que me serviu para algo, senti algo no meu peito que não era meu. Quando toquei, 3 dedos da minha mão esquerda penetraram em um corte sobre meu coração.O que me fez lembrar como havia sido o momento derradeiro que me fez parar de respirar.
Uma faca, fora cravada em meu peito, por aquelas pequenas mãos, me lembrei daquele momento com tanta intensidade que senti o ardor do momento em que o objeto de aço rasgava minha pele e penetrava em minha carne, lembrei-me de como cai de joelhos a sua frente, formando ali uma considerável poça de sangue. E por ultimo e mais importante lembrei da sensação de prazer que senti, quando já caído ao chão vi seu corpo desmoronar ao lado do meu, seus olhos estáticos sem entender o que estava acontecendo, porem mostrando aquele belo sorriso de satisfação.
O ultimo beijo, dado nos seus lábios vermelhos, alguns segundos antes que sua faca fizesse parte do meu corpo para sempre. Um beijo no qual banhei meus lábios de estricnina, substancia que causou sua asfixia e morte.
Afinal lembrei de tudo, e me senti muito bem, por saber que não morri sem cumprir a promessa que tinha feito a ela, que morreríamos ao mesmo tempo. Só fico imaginando se la no caixão dela, ela também pode ver meu rosto e ouvir meu sorriso de prazer.

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